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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Um pouco de saudade



É sobre a saudade. Sobre aquelas pessoas que vem e marcam. Simplesmente. Como crianças que não resistem ao um cimento fresco e cravejam seu nome nele. É quase assim que acontece. Quase, se não fosse o detalhe de que uma nova camada de cimento apagaria aquela marca, como se ela nunca estivesse ali antes. Mas nós sabemos que não é assim, nesse mundo não existe esse cimento corretivo. Lembranças não dão lugar a outras. Elas se acumulam, sem se confundir. Às vezes uma puxa a outra. Elas te fazem sentir saudade, trazem arrependimentos, vontades, por vezes tudo isso junto. O certo e o errado nunca andaram tão perto um do outro. Paralelos. Mas sem essa de se encontrarem no infinito. Não importa o quanto tudo pareça ou de fato esteja bagunçado, a gente sempre tem a noção do certo e do errado. Embora mesmo assim a gente erre. É como se o errado tivesse um imã, é quase como um charme. Irresistível. E assim vamos resistindo quando podemos, mesmo sem querer. Sim, por que uma gota de vontade faz um mar inteiro de impossibilidades se perderem. Ainda mais quando contamos com perfumes, nomes, sensações quem nos fazem lembrar. Lembrar-se de tudo aquilo que lutamos pra esquecer. É um golpe cruel. É como você ver um filme e querer estar nele. E pior, o seu filme. Aquela cena vista apenas de fora, embora você jure que possa sentir tudo como se fosse a primeira/única vez. E você sente mesmo. E é isso que mata, que dói. É tão familiar, tão intimo, tão seu e ao mesmo tempo tão estranho, distante e impossível que a dor é inevitável. E o mais irônico nisso tudo é que se você pudesse apagar pra sempre você não o faria. Apesar de todo sofrimento, é isso (a lembrança) o mais perto ou mais longe, como queira, que podemos chegar. E isso ninguém tira. Seria tragédia de mais chorar a lembrança roubada. Não é por que ela não volta que ela tem que ir embora definitivamente. Deixa estar. Deixa doer ou acalmar. Deixa ela aqui, comigo.

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